domingo, 12 de dezembro de 2010

De Brasília até Americana

Pílula 1 - Acontece neste domingo, em Brasília, como primeira de uma série, a Corrida de Combate à Corrupção. O local de largada e chegada é na Esplanada, na frente do Congresso Nacional. Também está programada uma caminhada de protesto contra os corruptos.
           Pílula 2 - Na cidade de Americana, em São Paulo, segundo reportagem  de O Liberal, diversos “pais cobram regularização para reinício do Programa Segundo Tempo”, suspenso por fortes indícios de corrupção.
          O que faz a ligação entre ambas as pílulas de notícias é o fato de “a atividade esportiva, a partir dos recursos governamentais, está entre os segmentos em que a corrupção é praticada com maior intensidade nos últimos anos” (Blog do Cruz).
          O texto  d’O Liberal deixa claro  como a alienação política, em que pese a boa fé dos pais, e a carência social  são campos férteis aos arranjos da pilantragem.
O texto também deixa patente o caradurismo de certos gestores quando são surpreendidos com as calças na mão e tentam justificar seus malfeitos.
          Assim é que, depois das denúncias dos continuados flagrantes de alimentação não nutritiva, espaços não apropriados, professores/monitores inabilitados e materiais esportivos de péssima qualidade, o fracasso do programa mereceu do ‘coordenador Santos’ o diagnóstico lapidar:
          “O maior problema é a evasão. Não posso continuar com essa evasão de crianças."
          A Procuradora da República, Maria Heloisa Fontes Barretos, perde seu tempo quando vem investigar as irregularidades, pois o ‘coordenador Santos” já matou a charada: as culpadas são as crianças, milhares delas, as mal-agradecidas.
          A solução: encaminhá-las  ao Conselho Tutelar, para que sejam orientadas e reeducadas para apreciar o que de bom e salutar a turma da pilantragem estava a lhes oferecer. 
  
          POST SCRIPTUM (13/12/2010): Participaram da corrida 2000 pessoas, sendo 1999 eleitores e 1(!) eleito, Agnelo Queiroz, próximo governador brasiliense. Confira os resultados na página oficial.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A FPX e a Copa Tiririca

Vem aí mais uma Copa Franco Montoro Interequipes, competição organizada pela Federação Paulista de Xadrez, que há anos caiu nas graças da comunidade enxadrística paulista, que a tem como um congraçamento, além da oportunidade de criar nomes os mais engraçadinhos possíveis para suas equipes. A par da categoria geral, há também um grupo de elite, do qual participam os filiados reais e os imaginários.

A denominação da Copa, referendada um dia em reunião de "diretoria", seria pelo fato de André Franco Montoro (1916-1999) - quando governador do estado - ter assinado o decreto que instituiu o Dia do Enxadrista, em 12 de junho, data hoje muito mais lembrada como "Dia dos Namorados".

Fosse, todavia, para homenagear alguém atribuindo-lhe o nome dessa Copa, a federação melhor faria se outorgasse ao evento o nome daquele obscuro deputado que, por primeiro, propôs a data em referência à fundação do centenário Clube de Xadrez São Paulo, ocorrida em 12 de junho do longínquo ano de 1902.

E quando a federação dá como mote para o título da competição unicamente a assinatura daquele decreto - um ato burocrático e corriqueiro, - convenientemente ela omite o valor maior do homenageado, que foi sua trajetória de lutas democráticas e o seu governo austero e transparente no tocante à coisa pública.

Pois nada é mais distante do caráter republicano de Franco Montoro que os usos e costumes dessa entidade federativa, cujo mandatário vitalício prefere mover-se nas sombras, no mais das vezes por trás dos ombros do dublê da vez.

Entretanto, o interesse maior, quiçá único, da denominação do torneio é que ela prepara o álibi para a obtenção do patrocínio público correspondente. Que valerá enquanto o PSDB - partido ao qual pertenceu o homenageado - mantiver o comando do Executivo do estado.

Não se duvide, todavia, do seguinte: se no futuro os ventos da política clientelista no estado porventura mudarem de rumo, e por consequência a chave do cofre mudar de mãos partidárias, a federação não hesitará em encerrar o ciclo atual e aderir ao novo poder de plantão.

Aí então, em decisão isenta de intere$$es, a diretoria poderia promover até uma Copa Tiririca Interequipes, primeira de rendosa série.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lições de picaretagem - Parte 2

O TERCEIRO NOME NO TRIÂNGULO DA ESPERTEZA

Nas cenas do teatro de picaretagens descritas na postagem anterior, tendo como protagonistas o Ministério do Esporte e a Federação Paulista de Xadrez, há uma terceira personagem, a qual tem papel de destaque em toda a comédia: a Prefeitura de Americana.

A esperteza por ela encenada se manifestou plenamente na sanção e promulgação da Lei municipal 4.409, de 26 de outubro de 2006, cujo artigo inicial dizia textualmente o seguinte:

"Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar convênio com a Federação Paulista de Xadrez, objetivando a implantação de núcleos de esportes no município, com três modalidades cada, de conformidade com o programa denominado "Projeto Segundo Tempo".

Na montagem da cena fica patente a absoluta inversão de valores: é a municipalidade de Americana, com mais de 200 mil habitantes; aquela com melhor qualidade de vida da região metropolitana de Campinas; aquela com índices de evasão e reprovação escolar quase nulos, segundo indicadores oficiais; é ela, Americana, que na complexa gestão e coordenação daqueles núcleos de esporte, vai se subordinar a uma entidade nanica, mono-esportiva e com domicílio fiscal a uma centena de quilômetros dali.


Entretanto, não serão necessários mais que dois neurônios para se raciocinar que a inversão de valores é apenas aparente: nesse triângulo de picaretagem a Federação atua como intermediária, ou a ponte que une interesses.

A entidade é a barriga de aluguel a gerar os fornidos frutos pecuniários, inseminados pelo programa federal; ela é a parideira ciosa e bem cumpridora de seu papel na ópera bufa da política partidária local.

A municipalidade ali é comandada pelo PSDB, enquanto no ministério o aparelhamento é do PC do B. A distinção ideológica, no entanto, não é entrave para que comunguem ações conjuntas em prol de interesses, que deveriam ser o lazer e o amparo a milhares de crianças americanenses, carentes e em situação de risco social. Mas a prática demonstra algo bem diverso e nada louvável, como demonstram testemunhas isentas e averiguam a Polícia Federal e o Ministério Público.

E tudo sob a supervisão atenta, "transpirante", do coordenador Santos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Lições de picaretagem - Parte 1

O PRIMEIRO MILHÃO A GENTE NUNCA ESQUECE


Menina dos olhos do ministro-tapioca Orlando Silva Jr., o Programa Segundo Tempo destina-se - eis que o papel aceita tudo - a democraticar o acesso ao esporte, como cultura e lazer, tendo como público-alvo "crianças, adolescentes e jovens expostos aos riscos sociais". Apenas no orçamento da União para 2010, o programa conta com 200 milhões de reais para serem literalmente despejados com esta finalidade por rincões desses Brasis, com todas aquelas consequências que se imaginam.

Sempre haverá espaço para convênios espúrios com entidades inidôneas e/ou desestruturadas, fiscalização federal frouxa e/ou inexistente, tudo como convém à picaretagem profissional sempre atenta às oportunidades de ocasião.

Então, há quase três anos, mais precisamente na madrugada do dia de Ano Novo de 2008, a Federação Paulista de Xadrez anunciava em breve nota na sua página on-line que "com os novos projetos e convênios assinados em 2007", a cidade de Americana como um todo iria "transpirar xadrez em 2008". Era aquela menina dos olhos que vinha despejar na cidade nada menos que 1.400.000,00 reais dos cofres federais. para o público-alvo: os "25 mil alunos da rede escolar e crianças".

E a gestora de toda essa grana era a mesma Federação Paulista de Xadrez, entidade cujo patrimônio se resume a algumas peças e relógios de xadrez, suficientes para caberem tudo naquela salinha que ocupam de favor no Baby Barioni estadual.

Perguntas que não querem calar: uma entidade capenga como essa, SEM SEDE PRÓPRIA, SEM PATRIMÔNIO, SEM FUNCIONÁRIOS, tinha "estrutura para contratar 210 funcionários especializados? Todos com carteira assinada e recolhendo impostos regularmente, exigências do próprio Ministério do Esporte?

"Além disso, para aprovar o projeto, o Ministério existe apresentar comprovação de que a entidade tem competência técnica para atuar. A Federação preenche esse requisito? Que experiência tem no setor, fora do tabuleiro de xadrez?" (José da Cruz)

Naquela época já manifestava eu minha total descrença naquele plano e certeza de que a tal "transpiração de Americana" se limitaria apenas àquela decorrente da elevada temperatura média anual da cidade, tão caracaterístida da interlândia paulista.

Mas o 'coordenador Santos' estava eufórico: depois de anos e anos "sobrevivendo" apenas dos conveniozinhos com a secretaria estadual de Esportes para os festivalzinhos de xadrez nos feudos de Rio Preto, Americana e Santos, agora teria pela frente uma parada federal. Era uma bolada de nada menos que sete dígitos, e o primeiro milhão a gente nunca esquece.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Após as denúncias, a FPX encerra o Segundo Tempo em Americana

Por Ana Carolina Leal/Diego Juliani ('O Liberal', Americana, 26/10/2010)

Americana - O projeto Segundo Tempo chega ao fim sexta-feira em Americana. Segundo o coordenador geral do programa no município, José Alberto Ferreira dos Santos, as atividades serão paralisadas para adequações. Em 29 de agosto, o LIBERAL publicou reportagem na qual revela que o projeto, iniciado em 2005, não condiz com a realidade alardeada pelo governo federal.

Entre abril e a última semana de agosto, a reportagem realizou uma verdadeira peregrinação pelos núcleos onde é realizado o programa na tentativa de descobrir se os R$ 4,7 milhões repassados pelo Ministério dos Esportes em 2009 estavam sendo bem investidos - desse total, a Prefeitura de Americana deu como contrapartida R$ 856 mil.

A busca por informações terminou com a certeza de que o número de cadastrados não está de acordo com os participantes realmente ativos, a alimentação não é nutritiva, os espaços não são apropriados, nem todos os professores são devidamente habilitados e os materiais esportivos são de péssima qualidade.

Questionado sobre quais seriam as adequações, o coordenador foi enfático. "Adequações em cima da própria reportagem que vocês fizeram", disse. Santos, no entanto, afirmou que o problema não é a estrutura ou a qualidade da alimentação, mas o número de participantes do projeto. "O maior problema é a evasão. Não posso continuar com essa evasão de crianças."

No site do Ministério dos Esportes a cidade possui mais de 13 mil alunos inscritos no projeto, que tem a chancela da Federação Paulista de Xadrez, cuja sede fica na capital paulista. Segundo o coordenador geral do programa, apenas 7,8 mil estão matriculados, sendo que somente 4,5 mil freqüentam realmente as atividades.

Ele também confirmou a informação de que os alunos estão sendo avisados sobre a paralisação das atividades. "Ainda estou aguardando um documento do Ministério, mas já estamos avisando as crianças", afirmou. De acordo com Santos, o projeto será retomado no município provavelmente no ano que vem, porém, ainda não há data definida. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte na noite de ontem, mas ninguém foi localizado para comentar o assunto.

No final do mês passado, a Procuradora da República, Heloisa Maria Fontes Barreto, requisitou, por meio de ofício, um exemplar do jornal O LIBERAL do dia 29 de agosto deste ano para ter acesso a matéria que fala sobre as irregularidades do projeto. Por intermédio da secretária, a procuradora informou que pretendia avaliar o teor da reportagem para saber se a matéria poderia instruir um procedimento interno já existente sobre o projeto ou se seria o caso de abertura de uma nova investigação.

O procedimento a qual a magistrada se refere, trata-se do primeiro contrato assinado entre o Ministério dos Esportes e a Federação Paulista de Xadrez. Uma cópia do documento já foi encaminhada para a Polícia Federal e, a oficial, para a CGU (Controladoria Geral da União).

http://www.liberal.com.br

sábado, 2 de outubro de 2010

FPX na mira da Polícia e Justiça: operação mãos-limpas no Xadrez?

Eis abaixo o mesmo velho assunto de tantas postagens anteriores, desta feita com a chancela dos órgãos oficiais pertinentes:

"A Procuradora da República, Heloisa Maria Fontes Barreto, requisitou, por meio de ofício, um exemplar do jornal O LIBERAL do dia 29 de agosto para ter acesso a matéria que fala sobre as possíveis IRREGULARIDADES DO PROJETO SEGUNDO TEMPO EM AMERICANA. No documento, a magistrada solicita ainda toda documentação levantada pelo grupo de reportagem para elaboração da notícia.

"Por intermédio da secretária, a procuradora informou, ontem, que pretende avaliar o teor da reportagem para saber se as informações podem instruir um procedimento interno já existente sobre o projeto ou se é caso de abertura de uma nova investigação. O procedimento a qual a magistrada se refere, trata-se do primeiro contrato assinado entre o Ministério dos Esportes e a FEDERAÇÃO PAULISTA DE XADREZ. Uma cópia do documento já foi encaminhada para a Polícia Federal e, a oficial para a CGU (Controladoria Geral da União).

"Na matéria divulgada em 29 de agosto, a reportagem do LIBERAL mostra que o projeto Segundo Tempo em Americana, iniciado em 2005, não condiz com a realidade alardeada pelo governo federal. Pelo programa proposto pelo Ministério dos Esportes, crianças e adolescentes praticam atividades esportivas no período oposto ao da escola, em locais e com materiais adequados, e recebem lanche com valores nutricionais. No município, no entanto, a situação é um pouco diferente.

"Entre abril e a última semana de agosto, a reportagem realizou uma peregrinação pelos núcleos onde é realizado o programa na tentativa de descobrir se os R$ 4,7 milhões repassados pelo Ministério em 2009 estavam sendo bem investidos - desse total, a Prefeitura de Americana deu como contrapartida R$ 856 mil.

"A busca por informações terminou com a certeza de que o NUMERO DE CADASTRADOS não está de acordo com os participantes realmente ativos, a ALIMENTAÇÃO NÃO NUTRITIVA, os ESPAÇOS NÃO SÃO APROPRIADOS, NEM TODOS OS PROFESSORES SÃO DEVIDAMENTE HABILITADOS e os MATERIAIS ESPORTIVOS SÃO DE PÉSSIMA QUALIDADE.

"Na ocasião, o coordenador geral do Segundo Tempo em Americana, JOSÉ ALBERTO FERREIRA DOS SANTOS, negou qualquer indício de irregularidade. "Todo o dinheiro usado fica aplicado e aos poucos, vamos pagando a alimentação e os professores. Sou obrigado a prestar contas de tudo, e no final, caso sobre algo, tenho que devolver ao Ministério. Não seria louco de cometer qualquer ato ilegal", afirmou".

Fonte: transcrição literal do Liberal, de Americana-SP (todos os grifos são meus).

terça-feira, 24 de agosto de 2010

"Vamos acabar logo com isso"

O autodenominado e, particularmente rendoso, Festival Paulista de Xadrez encerrou-se neste último domingo, na cidade de Santos, com a realização do Estadual Absoluto.

O alcunhado 'Paulistão' é, repito aqui, provavelmente o único estadual absoluto no Brasil organizado no esquema Aberto, sem fases classificatórias ou semifinais.

A entidade federativa reproduz, há anos, a "façanha" de reduzir o campeonato absoluto do estado com o melhor xadrez nacional - com sua penca de grandes mestres e outros titulados Fide cadastrados, - a um mero evento de final de semana.

A FPX Ltda - apropriada definição do decano Hideo Suzuki - persiste naquela mesma e viciada atitude relegada a seus eventos estatutários (obrigatórios), traduzida na expressão de "Vamos acabar logo com isso".

O 'Paulistão Abertão' possibilita, desse modo, a livre participação de todo e qualquer enxadrista capivara treineiro. Basta que se paguem as taxas exigidas.

O resultado desse esquema apequenado é que, a se basear na classificação da edição deste ano, o 99.o e último colocado do torneio, com apenas um único ponto conquistado e nenhuma vitória, pode se vangloriar de pertencer, oficialmente, à "elite" dos cem melhores enxadristas do estado.

Eu próprio, como enxadrista ativo, se me submetesse a participar do evento, com qualquer resultado individual estaria agora alardeando minha inclusão no seleto rol dos Top-100 paulistas.

Que fique bem consignado, porém, que a hipótese acima é absolutamente irrealizável a qualquer tempo, pois que, parafraseando o genial Groucho Marx, não posso tomar parte de um 'Paulistão Absoluto' que me aceita como finalista.

E como se tudo acima exposto ainda não bastasse, constatamos a bizarra ocorrência daquilo que parece ser mas não é: a esdrúxula permissão da participação de jogadores não-filiados fez com que o Campeão não seja o primeiro colocado, mas o segundo; o Vice-campeão não seja o segundo, mas o sexto(?!), e assim por diante.

Sucedesse isto na santa terrinha... vamos deixar pra lá.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quando o Ano Novo começa em Julho!

Para ela, a trupe federativa paulista, o ano de 2010 começa somente agora.

Explico: os primeiros seis meses de janeiro a junho se traduziram num atroz sem-sentido de sua existência. O ânimo ali devia estar um tanto quanto jururu, um desânimo de dar dó. Todo o empenho da federação em manter o xadrez paulista no mais alto nível, com abnegação e denodo, não estava tendo a recompensa devida. Motivo: a secura de verbas públicas.

Afinal, para essa turma os torneiozinhos estaduais das categorias, ou os 'Airton Sena" da vida, ou os caraminguás do Circuito 21, não são nada compensatórios: o servir ao Xadrez (ou servir-se do?) da maneira como é feito por aqui há mais de uma década, merece reconhecimento à altura do trabalho extenuante em prol da intensa transpiração enxadrística em nosso estado. Os escolares do Segundo Tempo estão aí para confirmar os resultados da sacrificante labuta!

Acontece que para esse grupo de reconhecidos abnegados não há recompensa melhor que os inefáveis esquemas de "festivais de xadrez", com patrocínios bem fornidos e premiações proporcionalmente sovinas.

Eis então que os inquilinos daquela salinha 74 do bairro de Água Branca - antes tarde do que nunca! - estão abrindo champanhes de congraçamento: ali o Ano Novo se inicia agora em Julho.

Pois o governo do estado acaba de aprovar a celebração de convênio entre a Secretaria de Esportes e a Federação Paulista de Xadrez, no valor de $ 100.000,00 reais, para a realização do Festival (ops!) Santista de Xadrez e do Estadual Absoluto.

Perguntas que nunca se calam:

Em termos de premiação, qual porcentagem desse total liberado pelo órgão público chegará efetivamente aos bolsos dos enxadristas participantes?

Será quixotesca a expectativa das inscrições serem todas gratuitas para estes eventos já regiamente patrocinados?

Não bastasse o "Piritubão 2014" e seus milhões de reais a ameaçar-nos a todos, contribuintes paulistas, ainda temos o "FPX Paulistão 2010" , ainda que com bem menos "zeros" a nos tungar os bolsos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

A Federação como Barriga de Aluguel

No último post reportei atos e atitudes que, no linguajar enxadrístico, significam lances que exclamaram no ano que findou. Retomo o tema, aqui, pelo outro lado da moeda, qual seja, lances que deveras interrogaram ao longo de 2009 e que, infelizmente, projetam seus efeitos para este ano de 2010.

O SISTEMA DO VICE-PRESIDENCIALISMO

Na Federação Paulista de Xadrez, entidade em cuja direção já se distinguiram nomes do porte inatacável de um Lourenço João Cordioli, por exemplo, - hoje nonagenário e ainda exibindo competência por tabuleiros do Brasil e, em especial, da GXBG, - na Federação, repito eu, vigora desde muito anos um sistema de governo ou de gestão, do qual não há sequer menção em compêndios da ciência da administração. Ou mesmo da ciência política. É o sistema do vice-presidencialismo.

Como explicação didática funciona assim: nas eleições estatutárias para renovação da diretoria -precavidamente manipuladas com o beneplático da legislação esportiva vigente, - o cabeça de chapa da situação, adrede indicado, se presta a assumir o papel de dublê de presidente, uma espécie tupininquim de 'monarca inglês', mas sem o privilégio da vitaliciedade.

Uma vez eleito - e não há precedente no sistema de que tal não ocorra, - ao longo do mandado, essa personagem até consegue teatralizar fumaças de alguma luz própria, como nas bissextas 'Palavras do Presidente', mas sempre como ventríloquo do mandante de fato, o ocupante da vice-presidência, o inamovível, o permanente.

A mais recente edição dessa encenação federativa ocorreu em fins de 2009. Movida a interesses cuja natureza não cabe aqui o papel de elucidar, mas com a convicção de que nada acrescenta de proveitoso ao currículo das personagens, a nova comédia federativa entra em cena em 2010.

E sem nenhuma expectativa - como dantes - de que possa significar algo de positivo e confiável à atividade-fim da entidade.

A FEDERAÇÃO COMO BARRIGA DE ALUGUEL

Há exatamente um ano, em janeiro de 2009, no post 'A arte de estar por cima da carne-seca', tratei da figura pitoresca da 'Cicinha da Baixada' e, principalmente, de como a 'veneranda' ficou eufórica com a assinatura do convênio federal com a FPX no valor de quase seis milhões de reais. A finalidade era implantar projetos do Programa Segundo Tempo na cidade de Americana.

Esse programa - em explicação simplificada - deveria funcionar assim: o estudante carente, fora do horário escolar, praticaria esportes e não ficaria nas ruas sujeito a situações de risco. Sempre foi o carro-chefe do PC do B, já desde o governo FHC. Mas, como já dizia o poeta, enorme é a distância entre a intenção e o gesto, notadamente em política e no envolvimento de recursos públicos.

Aquele convênio com a FPX era um assombro, não somente pelo montante em jogo, mas principalmente pela capacidade duvidosa dos gestores de toda aquela grana.

O transcurso do tempo comprovou que aquele também era um lance de grande interrogação no ambiente enxadrístico. Representou uma das maneiras como a picaretagem do 'Programa Segundo Tempo' espalha seus tentáculos no estado de São Paulo.

Menina dos olhos do ministro-tapioca Orlando Silva Jr., - o paladino do famigerado Pan-Rio, - esse programa 'é uma engenhoca que está dando muito trabalho ao TCU, ao Ministério Público e à Polícia de Repressão e Combate ao Crime Organizado" (blog do José Cruz).


Nesse esquema viciado tem de tudo como o diabo gosta: desvio de dinheiro para ONGs ligadas ao partido do ministro, matrículas de alunos-fantasmas, servidores - a quem cumpre o dever de fiscalizar - em conluio com os fiscalizados.

Ainda no caso da FPX, acrescente-se o ingrediente inusitado: a suspeita utilização da federação como barriga de aluguel para o recebimento dos recursos federais. "Suspeita, pela forma como o Ministério do Esporte repassa os recursos, através da Federação (Paulista) de Xadrez, e não pela Prefeitura conveniada."

A entidade, - que já se distingue negativamente das congêneres nacionais pelo vice-presidencialismo vitalício como sistema de direção, e que tem como finalidade única o apoio e o incentivo ao enxadrismo, - agora se presta a coordenar atividades tão díspares e estranhas aos seus estatutos como futebol, vôlei, atletismo e - até(?) - xadrez.

O silêncio e/ou inação e/ou cumplicidade dos membros conselheiros e das entidades afiliadas são lances que também interrogam no imbróglio político-policial do xadrez paulista.

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