domingo, 25 de outubro de 2009

A mais nova edição do mesmo velho engodo

Recente edição on line da Rede Bom Dia divulga o seguinte texto:

"A prefeitura de Itapetininga, através do Ministério de Esportes e da Federação Paulista de Xadrez, capacita, nesta sexta-feira, 35 professores da rede municipal para o ensino de xadrez em escolas municipais.

"No total, dez escolas irão incluir as aulas de xadrez em sua grade a partir de 2010. A capacitação só foi possível, após o convênio firmado no dia 28 de agosto, entre a Prefeitura Municipal, Ministério de Esportes e a Federação Paulista de Xadrez."

E seguem as loas costumeiras a respeito do xadrez como instrumento pedagógico, quase um mantra quando se advoga a implantação do jogo nas escolas, até que, dois parágrafos além, surge a "cereja do bolo", aquilo que decididamente faz aflorar o "espírito público" dessa turma esperta de autoridades e dirigentes envolvida na panacéia:

"Os kits com os tabuleiros de xadrez serão entregues para as escolas da rede municipal, na Semana da Educação..."

Aí me vem à lembrança antigo e lúcido texto do articulista Dirceu Viana, lá pelos idos de 2006, e ainda atualíssimo:

"As ações dos governos (em todos os níveis) necessariamente envolvem a confecção de cartilhas e a compra de kits escolares. O Brasil deve ser o país com o maior número de cartilhas do mundo. Em volume e variedade. Aí há espaço para tudo, inclusive para jogar dinheiro fora.

"Esses programas chapas-brancas começam e acabam antes mesmos do aluno descobrir que o cavalo anda em 'L' ou quem foi Rui Lopez.

"Minha solução? Valorizem os professores, dêem bolsas e programas de aprimoramento. Eles são os únicos que sobram quando o governante muda de nome e a torneira do dinheiro oficial se fecha."

Na recente encenação de Itapetininga, é pelos ralos da casa de tolerância do atual ministério de Esporte que vai se escoar o ervanário público.

Isto com certeza vai tornar mais auspicioso o ano de 2009 para o cofre federativo.

Afinal, quem tem padrinho não morre pagão, ou por falta do cão estadual caça-se com o gato federal. Este, por sinal, sempre bem mais fornido e perdulário.

Edita-se em Itapetininga a mais nova edição do mesmo velho engodo.

P.S. - A respeito da mesma casa de tolerância acima apontada: Júlio Cesar Filgueiras, até a pouco comandante do programa Segundo Tempo, a galinha dos ovos de ouro dos sanguessugas do ministério, acaba de ser afastado do cargo devido a inúmeras irregularidades na aplicação do dinheiro, aqueles milhões de reais desovados em federações e outras entidades por esses Brasis afora. A má expectativa é que se mudarão apenas as moscas...

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