quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A FPX e a Copa Tiririca

Vem aí mais uma Copa Franco Montoro Interequipes, competição organizada pela Federação Paulista de Xadrez, que há anos caiu nas graças da comunidade enxadrística paulista, que a tem como um congraçamento, além da oportunidade de criar nomes os mais engraçadinhos possíveis para suas equipes. A par da categoria geral, há também um grupo de elite, do qual participam os filiados reais e os imaginários.

A denominação da Copa, referendada um dia em reunião de "diretoria", seria pelo fato de André Franco Montoro (1916-1999) - quando governador do estado - ter assinado o decreto que instituiu o Dia do Enxadrista, em 12 de junho, data hoje muito mais lembrada como "Dia dos Namorados".

Fosse, todavia, para homenagear alguém atribuindo-lhe o nome dessa Copa, a federação melhor faria se outorgasse ao evento o nome daquele obscuro deputado que, por primeiro, propôs a data em referência à fundação do centenário Clube de Xadrez São Paulo, ocorrida em 12 de junho do longínquo ano de 1902.

E quando a federação dá como mote para o título da competição unicamente a assinatura daquele decreto - um ato burocrático e corriqueiro, - convenientemente ela omite o valor maior do homenageado, que foi sua trajetória de lutas democráticas e o seu governo austero e transparente no tocante à coisa pública.

Pois nada é mais distante do caráter republicano de Franco Montoro que os usos e costumes dessa entidade federativa, cujo mandatário vitalício prefere mover-se nas sombras, no mais das vezes por trás dos ombros do dublê da vez.

Entretanto, o interesse maior, quiçá único, da denominação do torneio é que ela prepara o álibi para a obtenção do patrocínio público correspondente. Que valerá enquanto o PSDB - partido ao qual pertenceu o homenageado - mantiver o comando do Executivo do estado.

Não se duvide, todavia, do seguinte: se no futuro os ventos da política clientelista no estado porventura mudarem de rumo, e por consequência a chave do cofre mudar de mãos partidárias, a federação não hesitará em encerrar o ciclo atual e aderir ao novo poder de plantão.

Aí então, em decisão isenta de intere$$es, a diretoria poderia promover até uma Copa Tiririca Interequipes, primeira de rendosa série.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lições de picaretagem - Parte 2

O TERCEIRO NOME NO TRIÂNGULO DA ESPERTEZA

Nas cenas do teatro de picaretagens descritas na postagem anterior, tendo como protagonistas o Ministério do Esporte e a Federação Paulista de Xadrez, há uma terceira personagem, a qual tem papel de destaque em toda a comédia: a Prefeitura de Americana.

A esperteza por ela encenada se manifestou plenamente na sanção e promulgação da Lei municipal 4.409, de 26 de outubro de 2006, cujo artigo inicial dizia textualmente o seguinte:

"Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar convênio com a Federação Paulista de Xadrez, objetivando a implantação de núcleos de esportes no município, com três modalidades cada, de conformidade com o programa denominado "Projeto Segundo Tempo".

Na montagem da cena fica patente a absoluta inversão de valores: é a municipalidade de Americana, com mais de 200 mil habitantes; aquela com melhor qualidade de vida da região metropolitana de Campinas; aquela com índices de evasão e reprovação escolar quase nulos, segundo indicadores oficiais; é ela, Americana, que na complexa gestão e coordenação daqueles núcleos de esporte, vai se subordinar a uma entidade nanica, mono-esportiva e com domicílio fiscal a uma centena de quilômetros dali.


Entretanto, não serão necessários mais que dois neurônios para se raciocinar que a inversão de valores é apenas aparente: nesse triângulo de picaretagem a Federação atua como intermediária, ou a ponte que une interesses.

A entidade é a barriga de aluguel a gerar os fornidos frutos pecuniários, inseminados pelo programa federal; ela é a parideira ciosa e bem cumpridora de seu papel na ópera bufa da política partidária local.

A municipalidade ali é comandada pelo PSDB, enquanto no ministério o aparelhamento é do PC do B. A distinção ideológica, no entanto, não é entrave para que comunguem ações conjuntas em prol de interesses, que deveriam ser o lazer e o amparo a milhares de crianças americanenses, carentes e em situação de risco social. Mas a prática demonstra algo bem diverso e nada louvável, como demonstram testemunhas isentas e averiguam a Polícia Federal e o Ministério Público.

E tudo sob a supervisão atenta, "transpirante", do coordenador Santos.

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