segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lições de picaretagem - Parte 2

O TERCEIRO NOME NO TRIÂNGULO DA ESPERTEZA

Nas cenas do teatro de picaretagens descritas na postagem anterior, tendo como protagonistas o Ministério do Esporte e a Federação Paulista de Xadrez, há uma terceira personagem, a qual tem papel de destaque em toda a comédia: a Prefeitura de Americana.

A esperteza por ela encenada se manifestou plenamente na sanção e promulgação da Lei municipal 4.409, de 26 de outubro de 2006, cujo artigo inicial dizia textualmente o seguinte:

"Fica o Poder Executivo autorizado a celebrar convênio com a Federação Paulista de Xadrez, objetivando a implantação de núcleos de esportes no município, com três modalidades cada, de conformidade com o programa denominado "Projeto Segundo Tempo".

Na montagem da cena fica patente a absoluta inversão de valores: é a municipalidade de Americana, com mais de 200 mil habitantes; aquela com melhor qualidade de vida da região metropolitana de Campinas; aquela com índices de evasão e reprovação escolar quase nulos, segundo indicadores oficiais; é ela, Americana, que na complexa gestão e coordenação daqueles núcleos de esporte, vai se subordinar a uma entidade nanica, mono-esportiva e com domicílio fiscal a uma centena de quilômetros dali.


Entretanto, não serão necessários mais que dois neurônios para se raciocinar que a inversão de valores é apenas aparente: nesse triângulo de picaretagem a Federação atua como intermediária, ou a ponte que une interesses.

A entidade é a barriga de aluguel a gerar os fornidos frutos pecuniários, inseminados pelo programa federal; ela é a parideira ciosa e bem cumpridora de seu papel na ópera bufa da política partidária local.

A municipalidade ali é comandada pelo PSDB, enquanto no ministério o aparelhamento é do PC do B. A distinção ideológica, no entanto, não é entrave para que comunguem ações conjuntas em prol de interesses, que deveriam ser o lazer e o amparo a milhares de crianças americanenses, carentes e em situação de risco social. Mas a prática demonstra algo bem diverso e nada louvável, como demonstram testemunhas isentas e averiguam a Polícia Federal e o Ministério Público.

E tudo sob a supervisão atenta, "transpirante", do coordenador Santos.

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