sábado, 10 de maio de 2008

Os óbvios ululantes

O ÓBVIO ULULANTE - 1

O genial Nélson Rodrigues, entre tantas expressões que marcaram sua literatura, tinha uma que sempre estava presente em suas crônicas: o "óbvio ululante", aquela evidência que salta aos olhos de cada um, impossibilitando a sua não-percepção. Nélson gostava de provocar o amigo e contista mineiro Otto Lara Rezende. Em uma de suas provocações, Nélson atribuiu a Otto a descoberta do "óbvio ululante". Escreveu certa vez que Otto passava todos os dias pela enseada de Botafogo a caminho do trabalho. Anos e anos depois de repetir o mesmo trajeto, deparou-se com a beleza e a imponência do Pão de Açucar. Aquela montanha lá estava, impávido colosso e ele, por incrível que pareça, jamais a havia notado! Parou o carro, desceu e ficou a admirá-la por cerca de meia hora, extasiado. Era o óbvio ululante, finalmente percebido!

O ÓBVIO ULULANTE - 2

Lembrei desse episódio ao correr os olhos na página da FPX nestes últimos dias. A entidade descobriu o óbvio ululante: existe vida enxadrística fora da federação! Noticiou o torneio da cidade paulista de Registro (gigantesco como o Pão de Açúcar), que distribuiu vinte mil reais em prêmios. Esta é uma quantia que a entidade maior do xadrez paulista poderia fazer com conforto a cada conveniente convênio assinado. Anunciou também o Internacional do Espírito Santo, a 4 dias de seu início, e anuncia o próximo Aberto do Brasil, em Varginha, na segunda quinzena deste mês. Ouso adivinhar com que má-vontade (ou com que terceiras intenções) a atitude foi tomada.

ÓBVIO ULULANTE - 3

Lá no alto da mesma página, com o foguetório peculiar, leio o anúncio daquela profilaxia financeira denominada Copa Ayrton Senna, e mais abaixo, a desfaçatez da distribuição de pouco menos de R$6.000,00 dos cerca de R$60.000,00 abocanhados nos cofres públicos para o Festival Santista, dando a entender que os outros R$54.000,00 irão para os torneios proveitosamente fechados, que dividem com os "cursos de capacitação" e os "escolares" o trio de obsessões 'rodrigueanas' da entidade da Barra Funda.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

A tenda espírita de Americana.

Ectoplasma é aquela substância amorfa, vaporosa, que se subordina à vontade do médium, e que sai de sua boca como se fosse um pano. É nessa substância que o espírito desencarnado se materializa e pode praticar atos no mundo físico.

Aos crédulos e enxadristas sugiro que compareçam neste próximo sábado, dia 19, à tenda/hospedaria do número 399 da av. Washington Luís na cidade de Americana, onde o fantasma do 64 Esporte Clube vai se incorporar e aparecer para promover uma das etapas do incensado Circuito 21 FPX.

Por alguma razão estranha, o ectoplasma dificilmente é visivel a olho nu, mas aparece em fotografias. Isto pode dever-se ao fato das câmaras serem mais sensiveis ao mundo dos espiritos que a maioria das pessoas.

Assim, aos curiosos, sugiro também levarem suas câmeras, para melhor contato visual com o fantasma. Quem sabe possam entrevistá-lo acerca de seu misterioso passado terreno, ou perguntar a respeito de suas rarefeitas e convenientes aparições em prol (ops!) dos interesses federativos.

Registrem também, se possível, as aparições dos fantasminhas estagiários, tão inocentes e úteis aos planos mediúnicos.

POST SCRIPTUM:

Há quem pergunte o que leva um organizador, ainda mais sendo o único O.I. pátrio, a elaborar um folder omitindo que o endereço do torneio é o mesmo do arquimanjado hotel Nacional de Americana, palco habitual de eventos enxadrísticos há pelo menos dez anos.

Ora, quem assim questiona, na verdade nada entende de espiritismo. Pois, se entendesse saberia que fantasma não tem sede; baixa em qualquer tenda em que esteja o médium. Assim, o espírito ou ectoplasma do 64 Clube vai se materializar na tenda só por acaso instalada naquela hospedaria.

Há ainda quem indague, também, sobre o motivo da encarnação anunciada.

A esse respeito posso aqui aventar uma hipótese, entre outras: em eventos dessa natureza existe o chamado "custo do esporte", e para cobrir tais custos vai-se agora invocar um ectoplasma, que pela própria natureza deve responder por todas as despesas fantasmas...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Há quem faça melhor e mais barato.

Num constrangido atendimento "a pedido", o editor da página on-line da Federação Paulista de Xadrez vem noticiando os resultados do Torneio Magistral d'A Hebraica de São Paulo, válido para norma de Grande Mestre (mas, não por acaso, omitindo o simultâneo IRT com jovens promessas do xadrez).

A divulgação de eventos enxadrísticos em geral deveria ser uma atitude rotineira da parte da entidade que, por ser oficial, deveria obrigar-se moralmente ao estímulo a tudo que contribuisse para a promoção do xadrez.

No mais, o que ressalta é a inevitável comparação entre estes eventos paulistanos em curso e aqueles recém-findos rega-bofes fechados rio-pretenses.

Assim, o constrangimento do editor se acentua com a conclusão de que há quem faça melhor e mais barato. Melhor, dado o nível superior dos eventos da capital; e mais barato, por não envolver um só centavo do meu, do seu e do nosso dinheirinho.

domingo, 6 de abril de 2008

A sensação de causa perdida.

“A cidade de Registro, interior de São Paulo, vai realizar um grande Aberto de Xadrez com 20 mil em prêmios nos fins deste mês, uma fortuna para parâmetros brasileiros. Independentemente de quem sejam, o esforço dos organizadores merece mais do que elogios.
"Entretanto não vi promoção alguma nos sites oficiais, seja no da CBX ou no da Federação Paulista. Se estes órgãos não ajudarem, pergunto, quem vai ajudar o xadrez?"
Faço minhas com todas as vírgulas as palavras acima Dirceu Viana, editor de XequeNet.
A confederação fecha-se qual caramujo na modorrenta administração burocrática. A federação move-se refém da tróica enraizada que mira os interesses não propriamente enxadrísticos.
"Às vezes, tenho a clara sensaçao de que é causa perdida!", concluímos o Viana e eu próprio.

terça-feira, 18 de março de 2008

O macartismo tupiniquim e outras notículas.

VAI CABER TODO MUNDO? – Acontece a partir desta quinta-feira, dia 20, até domingo, dia 23, o Festival Nacional da Criança – Fenac, destinado a apontar os campeões brasileiros Sub-12 e Sub-14. Durante os quatro dias, as crianças e seus responsáveis deverão desembarcar e se instalar na simpática mas modesta espírito-santense Santa Maria de Jetibá. Aí é que talvez a coisa se complique: realizei um “tour” virtual por essa localidade com não mais de 35 mil habitantes, e o que me pareceu foi que ela aparenta não ter condições sequer razoáveis de hotelaria e restaurantes para abrigar evento desse porte. A conferir...

DESFAZENDO O MACARTISMO TUPINIQUIM – “Comunicado CBX n.o (?). Informamos que qualquer jogador que tenha participado ou venha a participar de atividade da Federação Catarinense de Xadrez, não será penalizado pela CBX, em acatamento de decisão judicial que suspende os efeitos do Comunicado CBX n. 235 de 19 de dezembro de 2007”. Com este informe por ora imaginário, em algum dos próximos dias o mesmo braço que empunhava o tacape, deverá saber recolhê-lo e reconhecer a truculência como incompatível com o estado de direito. Também a conferir...

O FOTÓGRAFO SUMIU. Em meio a um instrutivo passeio pela página on-line da Federação Paulista de Xadrez, vejo e admiro a bela foto dos participantes da final santista do incensado Circuito 21. Mas, cadê ao menos um mísero retratinho 2x2 dos recentes campeões paulistas Sub-10 e Sub-16, títulos disputados exatamente na mesma data e no mesmo hotel conveniado? Deve o jeito FPX de fazer xadrez... Judiação!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Notículas do Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo

ABAIXO A AMNÉSIA. Vale o exemplo que vem da Federação do Rio de Janeiro pelo resgate da memória do xadrez fluminense com a publicação da galeria (rica em detalhes) dos campeões Interclubes, Estaduais Absoluto e Cariocas , desde 1921(!). É resultado dos esforços do pesquisador Waldemar Costa e colaboradores. O exemplo mais valerá se tornado permanente na página on-line da entidade.

SEM MEDO DA LUZ DO SOL. Vale o exemplo que vem da Federação paranaense pela divulgação do balanço de suas contas do ano de 2007. Entretanto, ninguém espere que nos ambientes federativos haja seguidores da louvável atitude: um dos motivos é que pelo nosso código penal, ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo.

DE GRÃO EM GRÃO. Saiu na página on-line da FPX parte da premiação do festival rio-pretense: $4.400,00 reais para o Aberto, e $1.200,00 reais para o Feminino. Falta a da etapa do 21 minutos, que deverá ser sensacional, pois ainda há mais de $50.000,00 reais a serem distribuídos...

sexta-feira, 7 de março de 2008

A expressiva legião dos sem-clube.

Realizam-se nesta primeira quinzena de março os jogos do Campeonato Interclubes da Federação Paulista de Xadrez. Há pelo menos 20 anos é o evento que, efetivamente, galvaniza as atenções e os anseios da comunidade enxadrística. Tanto que há jogadores que parecem hibernar durante 11 meses do ano, assim ausentes do tabuleiro e suas peças, vindo a despertar quando convocados para as tradicionais lides enxadrísticas d’A Hebraica e, nas últimas edições, também do Pinheiros.

Participam do evento atual mais de 300 jogadores, notadamente um sucesso, mas que representam, contudo, apenas e tão somente 20 entidades. A aparente contradição tem explicação simples: várias destas vinte entidades estão artificialmente “inchadas” com a expressiva legião dos sem-clube, ou vinculados a clubes que por motivações diversas compõem o seleto grupo dos sem-federação.

Vai aqui sugestão para que nas edições futuras do maior evento federativo , cada clube apresente representatividade mais condizente com a realidade: a admissão, talvez até em grupo diferenciado, de entidades não-filiadas, como acontece na Copa Franco Montoro.

E já que muito se propugna pelo incentivo do xadrez nas escolas, que tal a admissão também de um grupo de entidades escolares? Os ‘Albert Sabin’ e os ‘Bartolomeu de Gusmão’, entre outros eméritos transpiradores de xadrez, com certeza contribuiriam para maior engrandecimento da competição.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Até parece que o xadrez de Itu não existe fora da federação.

Prova de pedestrianismo, futebol de areia e bocha animaram o último final de semana de Itu, estância turística de 150 mil habitantes e distante 100km de São Paulo. Fizeram parte das comemorações oficiais pela passagem do 398.o aniversário da cidade. O mais importante dos eventos, assim reconhecido pelos próprios realizadores municipais, foi o 16.o Open de Xadrez de Itu, que contou com a participação expressiva de 221 enxadristas e ofereceu a premiação também expressiva de $ 4.000,00 reais. Este mesmo torneio contou pontos para o Circuito 21 da Federação Paulista de Xadrez.
Esta notícia, normal, corriqueira, se restringiria ao parágrafo acima não fora o fato insólito: em comunicado na página on-line deste dia 21, a federação insurge-se contra a divulgação dos resultados do torneio ituano “em outras páginas sem autorização da FPX”. E propõe mudanças no regulamento do circuito para evitar futuras falhas como essa.
O sr. Bertagnoli Jr., secretário municipal de Esporte, a estas alturas deve estar bastante preocupado: ele não sabia que os direitos absolutos sobre o maior evento comemorativo do aniversário da cidade são de propriedade da FPX, a quem cabe, inclusive, determinar o que é verdadeiro ou não a respeito do festejo. Até parece que o xadrez ituano não existe fora da federação. Se escanteado para fora do circuito 21, por força da futura alteração regulamentar, o 399.o aniversário da cidade estará condenado ao ostracismo!
Aqui com meus botões: vejam que disparate! Autorização da FPX para divulgar resultados de torneios...será que Fidel, em 49 anos, pensou nisso?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Não vale o exemplo que vem da cidade de Ernesto Ramalho

Frases de uma zelosa mãe de um promissor enxadrista de 11 anos, após viajarem 400kg até Catanduva para as disputas estaduais de xadrez, e após conhecerem as instalações do hotel conveniado com os organizadores: "Um muquifo, nem o elevador funcionava. Preferi perder as diárias já pagas, e mudamos para outro hotel, mais barato e bem melhor. Outros pais fizeram a mesma coisa." Recomendei, se já não o fizeram, que enviassem mensagens críticas aos realizadores e apoiadores do evento. Vai que no próximo ano resolvam se candidatar a repetir a experiência...
Este anti-exemplo não faz jús à pujança de Catanduva, cidade com mais de 100 mil habitantes e sede, inclusive, de faculdade de medicina. E este anti-exemplo nem é "privilégio" catanduvense, dado que até em competições nacionais os menores (e os pais!) por vezes são vítimas do despreparo de pretensos incentivadores da prática prazeirosa do xadrez. Assim, infelizmene, não vale o exemplo que vem da cidade de Ernesto Ramalho.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vale o exemplo que vem do Paraná

Etapas classificatórias realizadas em dia único e bem distribuídas por oito regiões do estado, o que proporciona bom leque de opções, além de comodidade de locomoção aos enxadristas e, em especial, ao pais ou responsáveis acompanhantes; cada etapa recepcionando todas as categorias pertinentes, o que brinda mais oportunidades individuais de buscar a fase final; módicas taxas federativas exigidas dos realizadores, daí a multiplicação de eventos; estas são impressões que ficam do tratamento dado pela Federação de Xadrez do Paraná aos seus campeonatos de menores. Pois é, então, que relembro o desabafo recente de uma abnegada mãe paulistana de um promissor enxadrista de 9 anos, inconformada por ter que viajar quase 400 quilômetros e ausentar-se por 3 dias de seus afazeres familiares para dar ao filho a única chance anual de disputar o título estadual mirim: “Para o menino pode até ser um lazer, mas para mim, que sou mãe atarefada, é pura punição!”

É aqui que a imaginação lhe traz o Grilo Falante, a consciência que bem aconselha: “Pegue seu pequeno gênio e vão morar em Maringá... ou em Piraí do Sul... ou em Curitiba... ou em Foz do Iguaçu...”, etc. etc.
Vale o exemplo que vem do Paraná.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Valem os exemplos de Minas.

Em março próximo a prefeitura de São Sebastião do Paraíso-MG patrocina e o Clube Paraisense realiza o Aberto de Xadrez com premiação de $ 4.000 reais. Até aqui esta seria uma notícia comum a abastecer qualquer espaço on-line dedicado ao xadrez, não fora o pormenor inusitado: esses quatro mil reais serão distribuídos por nada menos que 36 (!) colocações. Além disso, serão ofertados 59 (!!) troféus e medalhas aos participantes. Compare-se com o Aberto de Caxias do Sul, também em março, cujos polpudos $ 10.000,00 brindarão proporcionalmente parcos 14 lugares na posição final. Tal política democrática e salutar de desconcentração da aplicação desportiva do dinheiro público parece se irradiar pelas Minas Gerais: haja vista o Mineiro do Interior, nos próximos dias em Rezende, cujos $ 1.200 reais de patrocínio premiarão 13 colocações, além dos 21 troféus e medalhas a se distribuírem. Valem os exemplos mineiros.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O campeão não deve estar de regime.

Acontece neste próximo domingo, dia 10 de fevereiro, em Corumbá, a etapa inicial do Circuito Funec de Xadrez. O evento realiza-se com apoio e organização da Federação sul-matogrossense, do Clube Pantanal, da Prefeitura municipal e da Fundação de Esportes de Corumbá (Funec). O insólito da questão é que o prêmio destinado a cada um dos 3 primeiros colocados é um prosaico... rodízio de pizza. Ora, os esforços conjuntos de tantas entidades não permitiriam premiação mais condigna? Vamos que aconteça estar(em) o(s) ganhador(es) de regime?

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O exemplo cearense

A Federação Cearense de Xadrez merece a faixa de campeã brasileira de realização de eventos. É a entidade federativa que nos últimos anos mais realizou etapas de circuito rápido, torneios abertos, estaduais, escolares. E quando o clube organizador isenta as mulheres da taxa de inscrição, o que acontece amiúde, a federação também o isenta da respectiva taxa de rating. Aliás lá , como também na Bahia, a taxa de rating custa R$1,00. Vale o exemplo.




Acessos