Sempre haverá espaço para convênios espúrios com entidades inidôneas e/ou desestruturadas, fiscalização federal frouxa e/ou inexistente, tudo como convém à picaretagem profissional sempre atenta às oportunidades de ocasião.
Então, há quase três anos, mais precisamente na madrugada do dia de Ano Novo de 2008, a Federação Paulista de Xadrez anunciava em breve nota na sua página on-line que "com os novos projetos e convênios assinados em 2007", a cidade de Americana como um todo iria "transpirar xadrez em 2008". Era aquela menina dos olhos que vinha despejar na cidade nada menos que 1.400.000,00 reais dos cofres federais. para o público-alvo: os "25 mil alunos da rede escolar e crianças".
E a gestora de toda essa grana era a mesma Federação Paulista de Xadrez, entidade cujo patrimônio se resume a algumas peças e relógios de xadrez, suficientes para caberem tudo naquela salinha que ocupam de favor no Baby Barioni estadual.
Perguntas que não querem calar: uma entidade capenga como essa, SEM SEDE PRÓPRIA, SEM PATRIMÔNIO, SEM FUNCIONÁRIOS, tinha "estrutura para contratar 210 funcionários especializados? Todos com carteira assinada e recolhendo impostos regularmente, exigências do próprio Ministério do Esporte?
"Além disso, para aprovar o projeto, o Ministério existe apresentar comprovação de que a entidade tem competência técnica para atuar. A Federação preenche esse requisito? Que experiência tem no setor, fora do tabuleiro de xadrez?" (José da Cruz)
Naquela época já manifestava eu minha total descrença naquele plano e certeza de que a tal "transpiração de Americana" se limitaria apenas àquela decorrente da elevada temperatura média anual da cidade, tão caracaterístida da interlândia paulista.
Mas o 'coordenador Santos' estava eufórico: depois de anos e anos "sobrevivendo" apenas dos conveniozinhos com a secretaria estadual de Esportes para os festivalzinhos de xadrez nos feudos de Rio Preto, Americana e Santos, agora teria pela frente uma parada federal. Era uma bolada de nada menos que sete dígitos, e o primeiro milhão a gente nunca esquece.