domingo, 31 de outubro de 2010

Lições de picaretagem - Parte 1

O PRIMEIRO MILHÃO A GENTE NUNCA ESQUECE


Menina dos olhos do ministro-tapioca Orlando Silva Jr., o Programa Segundo Tempo destina-se - eis que o papel aceita tudo - a democraticar o acesso ao esporte, como cultura e lazer, tendo como público-alvo "crianças, adolescentes e jovens expostos aos riscos sociais". Apenas no orçamento da União para 2010, o programa conta com 200 milhões de reais para serem literalmente despejados com esta finalidade por rincões desses Brasis, com todas aquelas consequências que se imaginam.

Sempre haverá espaço para convênios espúrios com entidades inidôneas e/ou desestruturadas, fiscalização federal frouxa e/ou inexistente, tudo como convém à picaretagem profissional sempre atenta às oportunidades de ocasião.

Então, há quase três anos, mais precisamente na madrugada do dia de Ano Novo de 2008, a Federação Paulista de Xadrez anunciava em breve nota na sua página on-line que "com os novos projetos e convênios assinados em 2007", a cidade de Americana como um todo iria "transpirar xadrez em 2008". Era aquela menina dos olhos que vinha despejar na cidade nada menos que 1.400.000,00 reais dos cofres federais. para o público-alvo: os "25 mil alunos da rede escolar e crianças".

E a gestora de toda essa grana era a mesma Federação Paulista de Xadrez, entidade cujo patrimônio se resume a algumas peças e relógios de xadrez, suficientes para caberem tudo naquela salinha que ocupam de favor no Baby Barioni estadual.

Perguntas que não querem calar: uma entidade capenga como essa, SEM SEDE PRÓPRIA, SEM PATRIMÔNIO, SEM FUNCIONÁRIOS, tinha "estrutura para contratar 210 funcionários especializados? Todos com carteira assinada e recolhendo impostos regularmente, exigências do próprio Ministério do Esporte?

"Além disso, para aprovar o projeto, o Ministério existe apresentar comprovação de que a entidade tem competência técnica para atuar. A Federação preenche esse requisito? Que experiência tem no setor, fora do tabuleiro de xadrez?" (José da Cruz)

Naquela época já manifestava eu minha total descrença naquele plano e certeza de que a tal "transpiração de Americana" se limitaria apenas àquela decorrente da elevada temperatura média anual da cidade, tão caracaterístida da interlândia paulista.

Mas o 'coordenador Santos' estava eufórico: depois de anos e anos "sobrevivendo" apenas dos conveniozinhos com a secretaria estadual de Esportes para os festivalzinhos de xadrez nos feudos de Rio Preto, Americana e Santos, agora teria pela frente uma parada federal. Era uma bolada de nada menos que sete dígitos, e o primeiro milhão a gente nunca esquece.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Após as denúncias, a FPX encerra o Segundo Tempo em Americana

Por Ana Carolina Leal/Diego Juliani ('O Liberal', Americana, 26/10/2010)

Americana - O projeto Segundo Tempo chega ao fim sexta-feira em Americana. Segundo o coordenador geral do programa no município, José Alberto Ferreira dos Santos, as atividades serão paralisadas para adequações. Em 29 de agosto, o LIBERAL publicou reportagem na qual revela que o projeto, iniciado em 2005, não condiz com a realidade alardeada pelo governo federal.

Entre abril e a última semana de agosto, a reportagem realizou uma verdadeira peregrinação pelos núcleos onde é realizado o programa na tentativa de descobrir se os R$ 4,7 milhões repassados pelo Ministério dos Esportes em 2009 estavam sendo bem investidos - desse total, a Prefeitura de Americana deu como contrapartida R$ 856 mil.

A busca por informações terminou com a certeza de que o número de cadastrados não está de acordo com os participantes realmente ativos, a alimentação não é nutritiva, os espaços não são apropriados, nem todos os professores são devidamente habilitados e os materiais esportivos são de péssima qualidade.

Questionado sobre quais seriam as adequações, o coordenador foi enfático. "Adequações em cima da própria reportagem que vocês fizeram", disse. Santos, no entanto, afirmou que o problema não é a estrutura ou a qualidade da alimentação, mas o número de participantes do projeto. "O maior problema é a evasão. Não posso continuar com essa evasão de crianças."

No site do Ministério dos Esportes a cidade possui mais de 13 mil alunos inscritos no projeto, que tem a chancela da Federação Paulista de Xadrez, cuja sede fica na capital paulista. Segundo o coordenador geral do programa, apenas 7,8 mil estão matriculados, sendo que somente 4,5 mil freqüentam realmente as atividades.

Ele também confirmou a informação de que os alunos estão sendo avisados sobre a paralisação das atividades. "Ainda estou aguardando um documento do Ministério, mas já estamos avisando as crianças", afirmou. De acordo com Santos, o projeto será retomado no município provavelmente no ano que vem, porém, ainda não há data definida. A reportagem tentou contato com a assessoria de imprensa do Ministério do Esporte na noite de ontem, mas ninguém foi localizado para comentar o assunto.

No final do mês passado, a Procuradora da República, Heloisa Maria Fontes Barreto, requisitou, por meio de ofício, um exemplar do jornal O LIBERAL do dia 29 de agosto deste ano para ter acesso a matéria que fala sobre as irregularidades do projeto. Por intermédio da secretária, a procuradora informou que pretendia avaliar o teor da reportagem para saber se a matéria poderia instruir um procedimento interno já existente sobre o projeto ou se seria o caso de abertura de uma nova investigação.

O procedimento a qual a magistrada se refere, trata-se do primeiro contrato assinado entre o Ministério dos Esportes e a Federação Paulista de Xadrez. Uma cópia do documento já foi encaminhada para a Polícia Federal e, a oficial, para a CGU (Controladoria Geral da União).

http://www.liberal.com.br

sábado, 2 de outubro de 2010

FPX na mira da Polícia e Justiça: operação mãos-limpas no Xadrez?

Eis abaixo o mesmo velho assunto de tantas postagens anteriores, desta feita com a chancela dos órgãos oficiais pertinentes:

"A Procuradora da República, Heloisa Maria Fontes Barreto, requisitou, por meio de ofício, um exemplar do jornal O LIBERAL do dia 29 de agosto para ter acesso a matéria que fala sobre as possíveis IRREGULARIDADES DO PROJETO SEGUNDO TEMPO EM AMERICANA. No documento, a magistrada solicita ainda toda documentação levantada pelo grupo de reportagem para elaboração da notícia.

"Por intermédio da secretária, a procuradora informou, ontem, que pretende avaliar o teor da reportagem para saber se as informações podem instruir um procedimento interno já existente sobre o projeto ou se é caso de abertura de uma nova investigação. O procedimento a qual a magistrada se refere, trata-se do primeiro contrato assinado entre o Ministério dos Esportes e a FEDERAÇÃO PAULISTA DE XADREZ. Uma cópia do documento já foi encaminhada para a Polícia Federal e, a oficial para a CGU (Controladoria Geral da União).

"Na matéria divulgada em 29 de agosto, a reportagem do LIBERAL mostra que o projeto Segundo Tempo em Americana, iniciado em 2005, não condiz com a realidade alardeada pelo governo federal. Pelo programa proposto pelo Ministério dos Esportes, crianças e adolescentes praticam atividades esportivas no período oposto ao da escola, em locais e com materiais adequados, e recebem lanche com valores nutricionais. No município, no entanto, a situação é um pouco diferente.

"Entre abril e a última semana de agosto, a reportagem realizou uma peregrinação pelos núcleos onde é realizado o programa na tentativa de descobrir se os R$ 4,7 milhões repassados pelo Ministério em 2009 estavam sendo bem investidos - desse total, a Prefeitura de Americana deu como contrapartida R$ 856 mil.

"A busca por informações terminou com a certeza de que o NUMERO DE CADASTRADOS não está de acordo com os participantes realmente ativos, a ALIMENTAÇÃO NÃO NUTRITIVA, os ESPAÇOS NÃO SÃO APROPRIADOS, NEM TODOS OS PROFESSORES SÃO DEVIDAMENTE HABILITADOS e os MATERIAIS ESPORTIVOS SÃO DE PÉSSIMA QUALIDADE.

"Na ocasião, o coordenador geral do Segundo Tempo em Americana, JOSÉ ALBERTO FERREIRA DOS SANTOS, negou qualquer indício de irregularidade. "Todo o dinheiro usado fica aplicado e aos poucos, vamos pagando a alimentação e os professores. Sou obrigado a prestar contas de tudo, e no final, caso sobre algo, tenho que devolver ao Ministério. Não seria louco de cometer qualquer ato ilegal", afirmou".

Fonte: transcrição literal do Liberal, de Americana-SP (todos os grifos são meus).

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